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Domingo, 01 de outubro de 2017

Pesquisa analisou jovens de baixo nível socioeconômico

A relação entre as tentativas de suicídio de jovens brasileiros de baixo nível socioeconômico e o estigma que carregam por conta de sua orientação sexual foi objeto de análise da pesquisa de pós-doutorado, realizada no Instituto de Psicologia da UFRGS, pelo professor Angelo Brandelli Costa. Inédito no País, por sua abrangência nacional, o estudo teve a participação de pesquisadores da UFRGS, da PUC de Campinas e da Universidade de Auckland, da Nova Zelândia.
A base dos dados analisados foi o projeto Pesquisa da Juventude Brasileira, que, desde 2004, é realizado pelo grupo de pesquisa das professoras Silvia H. Koller e Débora Dell'Aglio, ambas do Instituto de Psicologia da UFRGS. Com financiamento do Banco Mundial, ele tem como foco jovens em situação de vulnerabilidade social, especialmente os de baixa renda, residentes em bairros com baixo nível de desenvolvimento humano.
De acordo com Angelo, vários fatores da juventude em vulnerabilidade são objeto da análise da Pesquisa da Juventude Brasileira, “mas, até então, nunca havia se analisado a relação entre a discriminação, motivada pela orientação sexual, e o suicídio”. Então, explica o docente, “o meu trabalho foi analisar de que forma essa juventude, que já é vulnerabilizada pela questão social, é revulnerabilizada por sua orientação sexual, no que se refere à saúde mental”.
Os dados relativos a 2004 até 2012 revelaram que as taxas de tentativa de suicídio de jovens que sofrem discriminação por conta da sua orientação sexual são significativamente maiores se comparadas a pessoas heterossexuais. “Essa pesquisa é uma das primeiras que mostrou a vulnerabilidade da população de gays, lésbicas e bissexuais, do ponto de vista do suicídio, numa amostra nacional”, salienta o pesquisador. 
A expectativa, agora, é que o conhecimento do problema contribua para a construção de políticas públicas, particularmente em um contexto de fortes ataques à comunidade LGBT, "por motivos ideológicos e religiosos, sem nenhuma âncora na realidade fática, sem nenhum tipo de dado ou informação que mostre como e por que são necessárias ações de proteção a este grupo”.

Situação de calamidade

Com relação à política de contingenciamento nas áreas de educação, de ciência e tecnologia, Angelo lembra que o Brasil já vivia um contexto de baixíssimos investimentos na comparação com países desenvolvidos. “Então, no momento em que se corta o que já é baixo, cria-se uma situação de calamidade”, que pode “levar à falência da pesquisa, do ensino, da extensão, de toda a universidade”, adverte. 

Por Daiani Cerezer

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